quinta-feira, 30 de abril de 2015

Princípios que norteiam os nipônicos

O mestre só vai aparecer quando você estiver pronto. Percebemos que um indivíduo ainda não esta maduro o suficiente pela quantidade de vezes que ele troca de caminho. Não é você que escolhe o mestre, o caminho. É o mestre do caminho que te escolhe. E, se perceber que você não se encontra mais a altura dos seus ensinamentos ele simplesmente deixa de te ensinar.




Taigen Karate
Fala-se muito que o povo japonês é educado e disciplinado. A partir de hoje colocarei alguns princípios que norteiam os nipônicos.
O primeiro princípio é:
1- Formar cidadãos independentes
Os japoneses são treinados desde a mais tenra idade para serem independentes e responsáveis com seus objetos pessoais. Ir para a escola sozinhas (desacompanhada dos pais) faz parte da rotina das crianças assim que saem do jardim de infância (Youchien). Elas seguem para a escola em pequenos grupos, sempre supervisionadas por um adulto, que as orientam em cruzamentos mais perigosos.
Dentro das escolas, não são poucas as atividades que visam a independência dos alunos como aulas de culinária, de costura, cuidar de hortas e tarefas do domésticas. Desde cedo, aprendem que se sujar tem que limpar, pois são eles próprios que ajudam a fazer a faxina dentro das dependências da escola, inclusive o banheiro.



Continuando com os princípios japoneses.
3. Trabalhar com afinco
Os japoneses se dedicam com afinco ao trabalho. Não é a toa que a média de horas trabalhadas por assalariados no Japão é de 2450 horas ao ano, o que é elevado em comparação com outros países como Estados Unidos (1.957 horas ao ano), Reino Unido (1.911 horas ao ano), Alemanha (1.870 horas ao ano) e França (1.680 horas ao ano).
Embora seja uma qualidade louvável, esse fato tem o lado ruim que é o Karoshi (Morte súbita por excesso de trabalho) e o Karojisatsu (suicídio provocado por condições estressantes de trabalho). 
Uma das diferenças entre o japonês e o brasileiro é que com raríssimas exceções o japonês trabalha para o país e o brasileiro trabalha para si próprio. 
Um exemplo do princípio Trabalhar com Afinco são as férias. Férias trabalhistas no Japão: 10 dias. A cultura japonesa enaltece o trabalho, por isso, profissionais japoneses costumam postergar suas férias ou não desfrutam de todos os dias de direito. 
Acha pouco??? Então o que me diz das férias na China, lá o tempo de casa pode determinar o período de férias, um trabalhador que possui de um a dez anos de casa tem férias de cinco dias, após 10 anos, dez dias. 
E os EUA, paraíso de todo brasileiro, as férias trabalhistas nos Estados Unidos são de 0 ate 14 dias. Isso mesmo, ZERO, nos Estados Unidos as férias não são direito do trabalhador, embora haja casos de trabalhadores sem férias, normalmente as empresas concedem até 14 dias, mas podem ser ou não remuneradas.





Continuando a comentar sobre os princípios japoneses.
4. Vestir a camisa da empresa
Uma coisa que se observa no Japão é a lealdade dos funcionários á empresa que trabalham. Em geral, os japoneses não mudam muito de emprego. A maioria prefere fazer uma carreira vitalícia, ficando na mesma empresa até a aposentadoria. Dificilmente se verá um empregado da Toyota usando um boné da Mitsubishi.
Existe uma palavra japonesa que bem exprime esse conceito, chama-se Gisei que significa sacrifício, em favor da comunidade.
Por quase 800 anos, os samurais governaram o Japão e muito do que representa a cultura e o estilo japonês hoje, a despeito de toda a modernidade que dominou o seu dia-a-dia, ainda está fortemente carregado com os valores incutidos pelo código de honra dos samurais, o Bushido. Embora a palavra samurai resgate a ideia geral de guerreiro, soldado ou capanga, o Bushido foi criado por eles para ressaltar a importância da filosofia, das artes e da ética nas artes marciais, ainda hoje preservados nos ensinamentos do karatê, kendô, aikidô, etc.
Aos mais atentos e ligados às artes marciais, à história e cultura do Japão e ao código dos samurais, vai perceber que existem muitos elementos em comum que ajudam a explicar um pouco o estilo do empreendedor oriental. Boyé Laffayette em seu livro O código Samurai: Princípios da Administração Japonesa, traz alguns destes ensinamentos, tais como: Os japoneses sempre levam em conta a felicidade e a tranquilidade do grupo, o ganancioso pensamento individualista, produz muita dor e, este sofrimento acabará voltando para nós.
A meta é conseguir unificar corpo e mente a tal ponto que não exista nenhuma diferença entre pensar alguma coisa e coloca-la em prática. Esse estado mental é chamado de Mushin ou Munen e significa, "sem mente", a mente se torna vazia de conceitos de bom ou ruim, de suportável ou insuportável, de tal forma que não interfere nas ações do corpo, apenas existe o trabalho a ser feito e o esforço de chegar a perfeição em qualquer ação. Pensemos nas abelhas de uma colmeia.
Se todos na comunidade pensarem assim, o trabalho fica dividido de forma equanime entre todos os membros do grupo, não exacerbando um em detrimento dos outros, a comunidade cresce, o esforço é diluído entre os membros e todos podem se beneficiar do esforço coletivo.
Tendo esse conceito em mente, não esperamos que outro faça aquilo que por nos deve ser efetuado. Sem discutir, sem se preocupar se os outros estão fazendo o que lhes cabe ou não, fazemos o que nos cabe o mais rápido, melhor e com a melhor perfeição possível.
O conceito Gisei significa sacrifício e representa a força que faz o individuo abrir mão da companhia dos amigos, afastar-se da família e abandonar prazeres pessoais para se dedicar ao trabalho, ao país.



Continuando com os princípios japoneses...
5. Controlar finanças no dia a dia
No geral, os japoneses são pessoas moderadas em relação aos gastos no dia a dia. Talvez possa ser resquício dos tempos difíceis causados pelas guerras e desastres naturais. Assim, não é raro encontrar um supermercado lotado meia hora antes de fechar. Nesse horário, os preços de muitos alimentos caem pela metade.
O interessante é que diferentes de nós, os japoneses para controlar suas contas e seu dinheiro utilizam um tipo de agenda que é conhecido como Kakebo.
Os três ideogramas que formam a palavra “Kakebo” significam “livro de contas para a economia doméstica”. Disponível e encontrado facilmente nos mais variados modelos e feitios.
Os japoneses de todas as idades não largam o seu Kakebo. Esse sistema permite gerir o dinheiro de forma a não só cumprir as obrigações, como também chegar ao final do mês com dinheiro de sobra. 
O Kakebo tem 3 funções. 1- Controlar todas as despesas, semana a semana, reorganizando o consumo diário e analisando os resultados no fim de cada mês. 2- Priorizar e categorizar os gastos, de acordo com as necessidades diárias, apelando assim para um consumo mais consciente, mais responsável. 3- Permitir uma análise profunda do consumo diário, para poder encontrar formas de substituir hábitos financeiros ineficazes por aqueles que não só se adequam à sua vida e realidade financeira, como lhe ajudam efetivamente a poupar dinheiro.
E aí? Já comprou o seu kakebo???




Continuando com princípios japoneses.
6. Obstinação.
Nana Korobi Ya Oki
Essa é uma palavra que define bem o caráter japonês. Quem vê o Japão atual, não consegue imaginar que esse país um dia chegou a ser considerado atrasado e inferior aos outros povos. 
Por ser uma ilha onde 70% de suas terras são montanhas e vulcões, não havia muitos recursos naturais e pastagens. A fome e a pobreza eram duas coisas que faziam parte do Japão nos tempos antigos. Pra piorar a situação, segunda guerra deixou o país destruído e sem rumo, sem contar os sucessivos episódios de desastres naturais que acomete o Japão de tempos em tempos, como terremotos e tsunamis.
Apesar de tudo isso, o Japão conseguiu superar todas as dificuldades e com muita obstinação, investiu em tecnologia e indústria automotiva e conseguiu estar hoje entre as maiores potências do mundo. 
Nana korobi Ya oki significa: Se cair 7 vezes, levante-se 8! 
Este provérbio tem uma ligação bastante estreita com o bonequinho japonês Daruma (parecido com a versão ocidental que é o João Bobo). Como a base do boneco é arredondada você pode empurra-lo para qualquer lado que ele torna a ficar de pé. Por isso que o Daruma se tornou não só um símbolo de sorte como também de persistência e muitos deles vem com esse kotowaza (frase) impresso em sua superfície.
Esse provérbio também é utilizado nas artes marciais, pois representa o Tamashii (espírito indomável) que todo praticante deve possuir.
Vamos viajar nesse conceito. 
A história nos mostra que as pessoas de sucesso nem sempre acertam de primeira, muito pelo contrário, enfrentaram contratempos como todo mundo. A chave da vitória é que elas não desistem. Os desafios para esse tipo de pessoa é visto como oportunidade e não como uma dificuldade intransponível. 
Portanto, nunca desista!



Continuando...
7. Haji shirazu – Vergonha Moral
Os japoneses no geral sentem muita vergonha diante de atos indecorosos ou socialmente inaceitáveis. O conceito desse sentimento dos japoneses é algo raramente visto em outros países, no nosso ele simplesmente não existe. Por cá existe um outro diametralmente oposto, chama-se de lei do Gérson - Como eu posso levar vantagem. 
Nos tempos dos samurais, a vergonha e a honra era lavada através de rituais suicidas como Seppuku (suicídio em que o indivíduo corta o estômago), também conhecido como Harakiri (hara – ventre, kiri cortar, para os japoneses o hara é o centro do temperamento e das emoções). Essa prática não existe mais, mas seu conceito ainda prevalece na sociedade japonesa. 
O termo Haji Shirazu que significa “não ter vergonha na cara”, é uma acusação grave no Japão. Por isso, a maioria da população nipônica tem a preocupação de manter uma boa conduta e não violar regras sociais.
Porém, de vez em quando sai na mídia casos de políticos ou celebridades que se envolveram em algum tipo de escândalo. Pedir desculpas publicamente é uma obrigação moral. Na maioria dos casos a pessoa envolvida no escândalo pede demissão do cargo.
Haiji é um conceito importante e tipicamente japonês que condiciona critérios morais relativos e somente válidos naquela sociedade. 
A noção de pecado não existe envolvida e a conduta incorreta que trás a vergonha deve ser punida por uma sanção e um visível arrependimento.
Que possamos trazer para nossa vida esse sentimento de vergonha, estamos precisando.

Taigen Karate


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