O significado das artes marciais autênticas é a elevação do espírito. Em nossos dias, infelizmente, o verdadeiro objetivo do "Budo" tem ficado para trás... de sentimentos como vaidade pessoal, ambição por fama e fortuna ou desejo de reconhecimento público, entre muitos outros.
Com a inclusão de doutrinas como o Confucionismo, o Taoísmo e Zen Budismo as artes marciais resgataram seu sentido original e derivaram de uma conduta puramente física para um "caminho espiritual", tendo desta forma se reconfigurado um código filosófico subjacente a prática.
O Zen Budismo é o sustentáculo das maiores expressões artísticas da cultura japonesa, o ideograma "Do" (Caminho) que é acrescentado as mais proeminentes artes marciais do Japão, tais como: Kendo, Kyudo, Judo, Aikido, Karate-Do, etc... simboliza o conteúdo Zen destas artes de combate.
Segundo diversos historiadores a origem das artes marciais se perdem na poeira do tempo, porém todos estão de acordo ao afirmar que as artes marciais modernas se desenvolveram a partir da viagem do monge Bodhidharma, da Índia para a China. Bodhidharma foi 28º patriarca do Budismo, criou uma nova concepção para os ensinamentos de Buda, denominado "Dhyana" em sânscrito, expressão traduzida como "meditação".
Quando Bodhidharma iniciou a propagação do Budismo na China seus ensinamentos passaram a ser conhecidos como "Ch'an" e Bodhidharma como "Ta Mo". Alguns anos mais tarde, este método foi levado para o Japão, onde recebeu o nome de "Zen" e o mestre passou a ser conhecido como "Daruma Taishi".
Por volta do ano 525 da nossa era, Bodhidharma instalou-se no Templo Shaolin, durante este período instruiu os monges do templo na arte marcial chamada Vajramushti e adaptou os antigos conhecimentos do "Chuan Fa” (Kung Fu) chinês, dando origem ao famoso "Chuan Fa Shaolin". A partir de Bodhidharma toda a linhagem de patriarcas se reiniciou, o 6º patriarca Ch'an, "Hui Neng", conhecido como "Yeno" no Japão, teve dois discípulos que fundaram as duas maiores escolas Zen do Japão, a "Soto" e a "Rinzai".
As artes marciais japonesas foram profundamente influenciadas pelo Zen, e a principal razão para isto é que, no passado, os mosteiros Zen Budistas eram quase exclusivamente repositórios de cultura e de arte. Além disso, os monges Zen tinham a oportunidade de entrar em contato com outras culturas, sendo eles mesmos artistas, acadêmicos e místicos. Sendo assim, Zen não se limitou a esfera religiosa, mas influenciou toda a cultura japonesa, penetrando em cada fase da vida da população.
Desde a pintura, a arquitetura, a cerimônia do chá, a caligrafia, o arranjo floral, a miniaturização de árvores, a dança e o teatro, entre outras formas de arte, estão marcadas pelo Zen Budismo. Tanto que as principais características destas artes são: a simetria, a solitude, a simplificação, a economia de traços, a tendência a expressar o senso de perfeição através do feio e do imperfeito. Tais características emanam de uma percepção central da filosofia Zen, que é: "O Um está no Todo e o Todo está no Um".
O Zen Budismo enfatiza o conhecimento intuitivo chamado pelos japoneses de "Satori" (Iluminação), obtido repentinamente através da prática gradual do "Zazen". O espírito Zen, desapegado de tudo, porém presente em todas as realidades, mescla-se com freqüência ao espírito das artes marciais, alcançando grande aceitação entre os "Bushi" (Guerreiros).
No treinamento Zen budista é importante aprender a controlar as emoções, em vez de ser controlado por elas. Superar aspectos como desejos e insatisfações é extinguir o sofrimento, aprender a aceitar o mundo como ele é e alcançar a verdadeira liberdade. Para o adepto Zen, não basta ver a natureza de "Buda" em todas as coisas, é preciso realizá-la.
O Zen budismo agrega técnicas físicas e espirituais que ajudam o praticante a evoluir dentro das artes marciais, através do entendimento da justa relação entre a prática religiosa e a vida cotidiana, baseadas em um rígido código moral e disciplinar. No suor dos treinos o artista marcial adquire sobre tudo humildade e autoconfiança.
No Zen dá-se ênfase a pratica e não a reflexão, um conhecido pensamento Zen diz: "Prática e conhecimento são senão um". O importante é o aqui e o agora. As pessoas parecem acreditar que vão durar para sempre e que as coisas que as rodeiam são eternas, apegando-se assim a futilidades e valorizando padrões externos em detrimento de seu desenvolvimento interior. Porém, tudo neste mundo está em constante mudança, nada é permanente. O Zen é uma filosofia de vida que ajuda o homem a buscar sua divindade interior.
Existem duas formas de prática do Zen: o "Zazen" e o "Koan". Zazen é um exercício executado ajoelhado na posição chamada "Seiza" ou em posição de "Lótus", quando se exercita a vacuidade da mente. Koan é uma pergunta impossível de ser respondida, sem significado lógico. Sua finalidade esta baseada na "não-racionalidade" do Zen, na qual o discípulo usa a intuição que o Zen procura despertar.
A compreensão do Zen Budismo ajuda a moldar o caráter e desenvolve uma personalidade sadia. O Zen desenvolve fundamentalmente no individuo a sabedoria da arte de viver, na qual não existe hiato entre pensar, sentir e agir. A arte de viver consiste na integração do pensamento, sentimento e ação, fluindo espontaneamente num único movimento de consciência.
As artes marciais e o Zen Budismo, entre tantos outros caminhos, guardam quase como um segredo a ser descoberto a chave para abrir a porta da realização plena. Porém, o artista marcial só triunfará em sua caminhada se estiver habitado pelo "espírito", que o faz agir sem o desejo de benefícios próprios.
*** Pesquisa por: Denis Andretta - Shito-Ryu/RS
Com a inclusão de doutrinas como o Confucionismo, o Taoísmo e Zen Budismo as artes marciais resgataram seu sentido original e derivaram de uma conduta puramente física para um "caminho espiritual", tendo desta forma se reconfigurado um código filosófico subjacente a prática.
O Zen Budismo é o sustentáculo das maiores expressões artísticas da cultura japonesa, o ideograma "Do" (Caminho) que é acrescentado as mais proeminentes artes marciais do Japão, tais como: Kendo, Kyudo, Judo, Aikido, Karate-Do, etc... simboliza o conteúdo Zen destas artes de combate.
Segundo diversos historiadores a origem das artes marciais se perdem na poeira do tempo, porém todos estão de acordo ao afirmar que as artes marciais modernas se desenvolveram a partir da viagem do monge Bodhidharma, da Índia para a China. Bodhidharma foi 28º patriarca do Budismo, criou uma nova concepção para os ensinamentos de Buda, denominado "Dhyana" em sânscrito, expressão traduzida como "meditação".
Quando Bodhidharma iniciou a propagação do Budismo na China seus ensinamentos passaram a ser conhecidos como "Ch'an" e Bodhidharma como "Ta Mo". Alguns anos mais tarde, este método foi levado para o Japão, onde recebeu o nome de "Zen" e o mestre passou a ser conhecido como "Daruma Taishi".
Por volta do ano 525 da nossa era, Bodhidharma instalou-se no Templo Shaolin, durante este período instruiu os monges do templo na arte marcial chamada Vajramushti e adaptou os antigos conhecimentos do "Chuan Fa” (Kung Fu) chinês, dando origem ao famoso "Chuan Fa Shaolin". A partir de Bodhidharma toda a linhagem de patriarcas se reiniciou, o 6º patriarca Ch'an, "Hui Neng", conhecido como "Yeno" no Japão, teve dois discípulos que fundaram as duas maiores escolas Zen do Japão, a "Soto" e a "Rinzai".
As artes marciais japonesas foram profundamente influenciadas pelo Zen, e a principal razão para isto é que, no passado, os mosteiros Zen Budistas eram quase exclusivamente repositórios de cultura e de arte. Além disso, os monges Zen tinham a oportunidade de entrar em contato com outras culturas, sendo eles mesmos artistas, acadêmicos e místicos. Sendo assim, Zen não se limitou a esfera religiosa, mas influenciou toda a cultura japonesa, penetrando em cada fase da vida da população.
Desde a pintura, a arquitetura, a cerimônia do chá, a caligrafia, o arranjo floral, a miniaturização de árvores, a dança e o teatro, entre outras formas de arte, estão marcadas pelo Zen Budismo. Tanto que as principais características destas artes são: a simetria, a solitude, a simplificação, a economia de traços, a tendência a expressar o senso de perfeição através do feio e do imperfeito. Tais características emanam de uma percepção central da filosofia Zen, que é: "O Um está no Todo e o Todo está no Um".
O Zen Budismo enfatiza o conhecimento intuitivo chamado pelos japoneses de "Satori" (Iluminação), obtido repentinamente através da prática gradual do "Zazen". O espírito Zen, desapegado de tudo, porém presente em todas as realidades, mescla-se com freqüência ao espírito das artes marciais, alcançando grande aceitação entre os "Bushi" (Guerreiros).
No treinamento Zen budista é importante aprender a controlar as emoções, em vez de ser controlado por elas. Superar aspectos como desejos e insatisfações é extinguir o sofrimento, aprender a aceitar o mundo como ele é e alcançar a verdadeira liberdade. Para o adepto Zen, não basta ver a natureza de "Buda" em todas as coisas, é preciso realizá-la.
O Zen budismo agrega técnicas físicas e espirituais que ajudam o praticante a evoluir dentro das artes marciais, através do entendimento da justa relação entre a prática religiosa e a vida cotidiana, baseadas em um rígido código moral e disciplinar. No suor dos treinos o artista marcial adquire sobre tudo humildade e autoconfiança.
No Zen dá-se ênfase a pratica e não a reflexão, um conhecido pensamento Zen diz: "Prática e conhecimento são senão um". O importante é o aqui e o agora. As pessoas parecem acreditar que vão durar para sempre e que as coisas que as rodeiam são eternas, apegando-se assim a futilidades e valorizando padrões externos em detrimento de seu desenvolvimento interior. Porém, tudo neste mundo está em constante mudança, nada é permanente. O Zen é uma filosofia de vida que ajuda o homem a buscar sua divindade interior.
Existem duas formas de prática do Zen: o "Zazen" e o "Koan". Zazen é um exercício executado ajoelhado na posição chamada "Seiza" ou em posição de "Lótus", quando se exercita a vacuidade da mente. Koan é uma pergunta impossível de ser respondida, sem significado lógico. Sua finalidade esta baseada na "não-racionalidade" do Zen, na qual o discípulo usa a intuição que o Zen procura despertar.
A compreensão do Zen Budismo ajuda a moldar o caráter e desenvolve uma personalidade sadia. O Zen desenvolve fundamentalmente no individuo a sabedoria da arte de viver, na qual não existe hiato entre pensar, sentir e agir. A arte de viver consiste na integração do pensamento, sentimento e ação, fluindo espontaneamente num único movimento de consciência.
As artes marciais e o Zen Budismo, entre tantos outros caminhos, guardam quase como um segredo a ser descoberto a chave para abrir a porta da realização plena. Porém, o artista marcial só triunfará em sua caminhada se estiver habitado pelo "espírito", que o faz agir sem o desejo de benefícios próprios.
*** Pesquisa por: Denis Andretta - Shito-Ryu/RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário