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quarta-feira, 24 de abril de 2013
Shorin e Shorei - a herança chinesa (História)
Shorin-Kan
Na China desenvolveram-se duas formas de praticar formas de luta organizadas. A mais antiga, remete a um jogo sangrento chamado Go-Ti, criado por um igualmente sangrento ‘senhor da guerra’ chamado Chi-yu há cerca de 2600 anos. Militarmente, a origem da organização guerreira para proteção dos castelos, fortificações, templos e para expansão militar remete às ações do Imperador de Huan Ti (o famoso Imperador Amarelo, que reinou entre 140 e 87 a.C.). Neste período foi formada uma classe guerreira na China que praticava manobras em massa e técnicas de luta com lanças e bastões. Séculos depois, por volta de 520 d.C. Surge o monge indiano Ta Mo Lao Tsu, que vindo da China, estabeleceu-se no Mosteiro Songshan Shaolin, na província de Wei. Conta a lenda que este monge, então chamado Bodhidharma, teria introduzido diversos exercícios respiratórios e corporais (semelhantes à Yoga) além das tradições do Budismo. Com isto, Bodhidarma (ou Bodai Daruma, em japonês) foi duplamente importante para as artes marciais, pois teria fundado não apenas o estilo de luta de Shaolin como também seria o primeiro patriarca do Zen Budismo.
Tendo as técnicas de Bodhidharma evoluído para os estilos externos (ou duros), saindo do Shaolin primordial para tantos outros como Wing Tsun, Hung Gar e as versões modernas de Shaolin, também esta escola foi exportada para Okinawa, onde passou a ser conhecida como Shorin-kan. Ou seja, Shorin no Karate-Do são as manifestações da união dos estilos externos do Wushu Chinês ao Te de Okinawa. Desta fusão procedem as técnicas predominantes em estilos oriundos do Shuri-Te.
Shorei-Kan
Com o advento da filosofia Taoísta na China, especialmente através da obra de Lao Tzu, desenvolveu-se uma forma diferente de ver o mundo. Esta visão baseava-se na compreensão dos aspectos Yin (suave, feminino, negativo, ondulatório) e Yang (duro, masculino, positivo, partícula) da energia C’hi (Ki em japonês) e suas manifestações na realidade. O objetivo dessas práticas era essencialmente descobrir o lugar do homem no Universo e a pureza original do ser humano. A partir do empenho de diversos mestres eremitas que vagavam pelo ‘país do meio’ desde aproximadamente 300 d.C. divulgando o Tao Te Ching, foram estruturadas e desenvolvidas as artes suaves da China.
Tendo essas técnicas evoluído para os estilos internos (ou suaves), desenvolveram-se estilos como Hsing-I, Pakua, Noi Kun e Taichi Chuan, que exportados para Okinawa, passaram a ser conhecidos como Shorei-kan. Ou seja, Shorei no Karate-Do são as manifestações da união dos estilos internos do Wushu Chinês ao Te de Okinawa. Desta fusão procedem as técnicas predominantes em estilos oriundos do Naha-Te.
Em seu livro ‘Karate-Do Nyumon’ o mestre Gichin Funakoshi chama atenção para o fato de que se deve cultivar equilibradamente os aspectos Shorin e Shorei da arte. Será que o fazemos?
Referências:
CAMPS, H.; CEREZO, S. Estudio técnico comparado de los Katas de Karate. Barcelona: Editorial Alas, 2005.
FUNAKOSHI, G. Karatê-Do Nyumon: Texto Introdutório do Mestre. São Paulo: Cultrix, 1999.
GONELLA, R. Do: Viaggio Attraverso il Karate alla Ricerca dell’antico To-De. S/L, 2003.
MINICK, Michael. O Pensamento Kung-Fu. São Paulo: Artenova, 1974.
PARKER, E. Segredos do Karatê Chinês. Rio de Janeiro, Distribuidora Record de Serviços de Imprensa S.A., 1963.
REID, H.; CROUCHER, M. O caminho do guerreiro: o paradoxo das artes marciais. São Paulo: Cultrix, 2004.
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